Diógenes Martins Vendramini Brutomesso Dos Santos, mais conhecido como Didi Tattoo, é o artista responsável por encabeçar o estúdio Alcabones. Com 36 anos e mais de 18 anos de profissão, ele é especialista em desenhos realistas de encher os olhos.
Veja abaixo o bate-papo com esse artista gigante que a gente tanto admira!
Como surgiu a ideia de ser tatuador?
Sempre gostei dos trabalhos manuais que envolvessem tinta. Desde pequeno ajudava na oficina do meu pai, onde fazia de tudo, mas a parte de pintura de peças me atraía mais, cheguei até pintar carros e não é que ficaram bons?! Com a familiaridade com pistolas de pintura, resolvi partir para uma parte mais minuciosa, como a remoção de riscos, em que eu usava uma caneta de pintura por ar comprimido (aerógrafo). Comprei a ferramenta e vi que conseguiria fazer bons desenhos. Foi aí que comecei a fazer aerografia em capacetes, tanques de motos e capô de carros, onde abandonei a parte mecânica e fiquei fazendo somente isso em um espaço que meu pai me cedeu na oficina durante um tempo. Logo depois, fui para outro espaço que era na casa de um amigo que também desenhava e trabalhava com pintura automotiva.
Eu já tinha uma noção de desenho, proporções, cores e ideias, mas sempre buscando mais e mais referências. Na época não tínhamos a facilidade que hoje temos em encontrar referências na internet, então era em cima de livros e revistas que tinham desenhos variados de tatuagens. Naquele momento, tudo o que ganhávamos era pra comprar iogurte, Sucrilhos e Coca-Cola, então nunca sobrou grana ou deu lucro. Um dia, porém, vi um kit de máquina de tatuagem à venda em uma revista, foi aí que “virou a chave”. Vendi tudo o que eu tinha de materiais de pintura e comprei a minha primeira máquina de tatuar. Dali para a frente, a tatuagem nunca mais saiu da minha vida.
Existe alguma tattoo muito difícil que você já fez? Como foi?
Eu costumo dizer que todo trabalho é complexo, não existe um igual ao outro, sempre um local no corpo diferente, tom de pele diferente, textura diferente e as pessoas também sentem dores diferentes. Alguns falam que só querem fazer uma estrelinha, mas poxa, uma estrelinha não é tão simples assim, afinal, são 5 pontas que precisam ficar exatamente iguais, já pensou nisso? Por que digo que todos os trabalhos são difíceis? Não existe borracha e tem que ter uma conexão muito boa entre artista e cliente.
Qual a situação mais estranha que já aconteceu com você no estúdio?
Eu sempre peço para o cliente conferir o desenho antes de começar o processo. Nesse caso específico, a pessoa conferiu e deixou passar um erro na data do nascimento do filho dela. Após terminar, ela foi ver no espelho e começou a chorar e dizer que eu errei a data do nascimento, na mesma hora pensei “DEU RUIM”. Pedi calma à ela e fui conferir o e-mail onde ela tinha enviado a referência. Para meu alívio e desespero dela, ela passou a data errada e foi tatuado como ela mandou. Por isso que sempre peço para as pessoas conferirem antes, pensar bem, ter uma boa noite de sono, não estar sob uso de álcool, estar muito bem e certa do que irá fazer.
Como você vê a profissão de tatuador atualmente no Brasil?
Atualmente se tornou uma profissão digna, mas há tempos atrás era vista como coisa de “vagabundo”, “marginal”, ex-presidiário e vários outros codinomes. Existem muitos tatuadores brasileiros renomados mundialmente e somos valorizados como artistas hoje em dia.
O que você considera como “pontos negativos” da profissão?
Como tatuador e dono de estúdio, vejo que existe um resquício de preconceito, bem pouco, mas ainda temos. Espero que isso passe logo e as pessoas consigam enxergar umas às outras com mais amor, sem cor, raça, partido político, sem preconceitos.
Qual tipo de tatuagem você mais gosta de fazer? E qual menos gosta?
Sou fã do realismo e admiro todos os outros estilos, porém só estudo o que mais faço e deixo outros estilos para quem gosta e se dedica mais.
Agora com a pandemia, o que mudou nos atendimentos do Alcabones?
Somente as regras previstas pela OMS, como distanciamento , álcool em gel, etc. O restante nós já fazíamos por se tratar de área da saúde, uso de máscaras, distância de uma estação de tatuagem para a outra, luvas e o ambiente sempre muito limpo. Hoje em dia também não estamos aceitando acompanhantes com os clientes aqui no estúdio para evitar aglomerações, garantindo mais proteção para todos.
Quais dicas você diria ao público que deseja segui carreira como tatuador?
Procurem algum tatuador referência, peça para ser seu aprendiz, faça cursos, workshops, leia muito sobre o assunto, não faça como eu que não tinha quem me ensinasse na minha cidade, pois o caminho foi muito mais longo. Tendo alguém como mentor o caminho se torna mais curto.
O Caio Castro é seu sócio. Como é a relação de vocês em relação ao Alcabones?
Somos sócios sim, ambos apaixonados por arte, a de encenar, tatuar e pintar. Sempre nos encontrávamos em lanchonetes, casa de amigos em comum e em nossos momentos livres sempre surgia o assunto arte. Pensando nisso, tivemos a ideia de fazer uma extensão da nossa casa, unindo o útil ao agradável. Foi onde nasceu o Alcabones: nossa segunda casa, com tattoo, barbearia, mesa de sinuca, cerveja e ambiente amigável.
Não perca tempo e garanta o seu horário com esse fera aqui no estúdio! É só entrar em contato pelo WhatsApp (11) 99863-0350 e consultar a agenda disponível.
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Excelente papo!